A ideia de entregar a matéria prima da Hilda Reis é uma vontade antiga. Levar caixas de fotografias, cartas, documentos, tintas, vernizes e tudo o mais que faz parte do trabalho da Hilda Reis, juntamente com molduras vazias e entregar a outras pessoas para criar histórias, explorar o lado criativo de cada um. Terá de ser uma experiência coletiva valorizando o caminho que cada um quererá seguir, e isso é a grande criação – a disponibilidade para o risco da criação. Os trabalhos desenvolvidos deverão ser emoldurados pelos próprios participantes, considerando que o processo de escolha da moldura e a disposição dos trabalhos numa moldura é também a obra.
Durante o mês de Fevereiro, trabalharemos com fotografias encontradas e material de colagem para criar uma série de obras de arte individuais emolduradas. Juntamente com Hilda Reis, iremos expor os nossos trabalhos numa galeria de arte em Lisboa, co-curando uma exposição que também comemora o importante aniversário do 25 de Abril, promovendo a inclusão e a diversidade no ecossistema artístico.
Em entrevista ao Residências Refúgio, a artista residente no projecto Art & Craft no mês de Fevereiro explica o seu trabalho e a importância de alterar a memória:
«O primeiro trabalho foi decisivo porque eu pensei “eu estou a mexer na memória de alguém e parece que estou a brincar com coisas muito sérias”. Mas depois pensei: “não, não estou porque as fotos estavam no lixo, eu estou a apanhar do lixo uma memória, que não sei de quem é, e por não saber de quem é, estou a dar-lhe um tributo, estou a fazer-lhe uma homenagem de alguma maneira”.»
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